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6 perguntas e respostas sobre SANGRAMENTO e ASPIRAÇÃO em injeções

6 perguntas e respostas sobre SANGRAMENTO e ASPIRAÇÃO em injeções

Você está preparado para lidar com as dúvidas sobre injeções?

Nestes quase dois anos publicando conteúdos neste blog eu só pude confirmar como o conhecimento é fundamental. São tantas visualizações, comentários, curtidas! Pelo jeito têm muita gente querendo aprender e se desenvolver. Que bom!

Os assuntos mais vistos neste blog falam de temas ligados a riscos envolvidos em uma injeção, geralmente relacionados ao medo de errar. Por isso selecionei dois temas campeões:
SANGRAMENTO e ASPIRAÇÃO (os mais vistos e comentados). E como eles normalmente se confundem, resolvi abordar ambos nas 6 perguntas e respostas sobre SANGRAMENTO e ASPIRAÇÃO na sala de injeção.

1 – Sangramento após injeção é um erro? Como explicar isso para o paciente?

Ao fazer uma injeção (seja ela intramuscular ou subcutânea), a agulha atravessa tecidos vascularizados, ou seja, que contém vasos sanguíneos. Então a agulha gera lesão, rompimento dos vasos. Isso leva ao extravasamento de sangue. Pode-se dizer que sempre haverá algum sangramento.

Se os vasos atingidos tem pequeno calibre, o volume extravasado é pequeno. Pode ser imperceptível, pois fica contido no corte feito pela agulha.

E se algum vaso de calibre maior for rompido? Certamente, neste caso, o volume extravasado foi maior que o normal. Você vai visualizar uma gota de sangue escorrer do local da injeção. Não se trata de um erro e é totalmente imprevisível!

Sempre faça uma leve pressão no local para estancar o sangramento (cerca de 30 segundos é suficiente)). Por outro lado, não se deve massagear o local.

Ao explicar tudo isso ao paciente você pode ser mais sucinto e lembrá-lo de que todos os tecidos do corpo são vascularizados, isto é, eles têm vasos que transportam sangue.

Tranquilize-o relembrando a ele que você está capacitado para fazer o melhor nas injeções e em outros atendimentos.

2 – É sempre necessário aspirar?

Acabamos de lembrar que os tecidos são vascularizados, certo?

Em injeções intramusculares ou subcutâneas, a aspiração (o ato de puxar o êmbolo para trás)  é indicada para checar se o bisel (a ponta da agulha) não está dentro de um vaso. Então se estiver, há o risco do medicamento atingir a via endovenosa.

É bom saber que nas intramusculares na região glútea esta probabilidade é maior porque a artéria glútea superior fica bem próxima do local indicado para esta injeção.

A aspiração não tem sido indicada por vários autores por ser considerada desnecessária na maioria dos casos, porque aumenta o tempo do procedimento e consequentemente a percepção de dor. Nas injeções subcutâneas de anticoagulantes, vacinas e insulinas, não é necessário aspirar (este tecido têm vasos de pequeno calibre).

Ao fazer a aplicação intramuscular de anticoncepcionais e de medicamentos apresentados sob a forma farmacêutica suspensão, deve-se sempre aspirar antes de injetar. Trata-se de medicamentos que não podem ser administrados na corrente sanguínea, por isso, mantém- se a recomendação da aspiração. Saiba mais sobre isso no vídeo abaixo.

Ainda sobre o tema aspirar ou não aspirar: Sempre siga as recomendações técnicas referentes ao medicamento a ser aplicado, indicado nas bulas, guias, diretrizes ou outras fontes confiáveis!

3 – Recentemente fiz uma injeção e ocorreu o seguinte: Eu primeiro aspirei e não vi sangue. Administrei o medicamento e ao retirar a seringa do local houve sangramento. O que houve de errado? Atingi algum vasinho?

Não houve nada de errado. Saiba que neste relato há 2 situações diferentes:

– Ao aspirar e não ver sangue no canhão da agulha (parte plástica da mesma) você confirmou que o bisel não estava em nenhum vaso sanguíneo e por isso não havia risco de injetar o medicamento na via endovenosa.

– Ao visualizar um sangramento após a retirada da agulha (após concluir a injeção), você teve a prova de que os tecidos atingidos são vascularizados. A agulha rompeu vasos. Como já explicado na pergunta 1, isso é normal.

Quer entender ainda mais sobre isso? Assista o vídeo seguinte que aborda este assunto:

4- Qual o risco existente quando não se faz a aspiração?

Medicamentos como suspensões e aqueles que tem uma substância oleosa como veículo não podem ser administrados na via endovenosa.

E sabe qual o problema? Eles podem obstruir a passagem de sangue quando entram em um vaso sanguíneo, impedindo o suprimento de sangue para alguma região do corpo ou órgão.

5 – Hematoma é um sinal de falha na injeção? Como prevenir?

O hematoma pode acontecer por causa do extravasamento de sangue que sempre acontece nas injeções. Este sangue acumulado nos tecidos mais superficiais corresponde ao hematoma. Para evitá-lo é necessário fazer uma leve pressão no local da injeção por 30 segundos e não massagear.

Pacientes em uso de anticoagulantes ou que tenham algum distúrbio da coagulação têm uma maior tendência para apresentar um hematoma.

Prestar os cuidados posteriores à injeção e oferecer as orientações ao paciente são responsabilidade do profissional de saúde. Por fim, hematoma não é sinal de falha na injeção, mas sim da falta de orientação ao paciente.

Pode aparecer um hematoma mesmo tomando todos os cuidados. Não se preocupe! É passageiro, desaparece dentro de alguns dias e só tem impacto estético (nenhuma complicação).

Agora uma super dica para você! No e-book gratuito que disponibilizo para você há um conteúdo sobre sangramento em injeção. Baixe agora o e-book grátis!

6 – Ao aspirar e visualizar sangue na agulha é recomendado o descarte de todo o conjunto (seringa, agulha, medicamento). Quem vai arcar com esta despesa? E como explicar ao paciente sobre isso?

A aspiração está bem descrita na pergunta 2. Se ainda tem dúvidas, volte (nesta mesma página).

Por causa desta possível ocorrência (aspiração de sangue) e de outras como sangramento, hematoma, desmaio, as farmácias devem se planejar. Em outras palavras, as farmácias devem sempre considerar as seguintes medidas:

– definir uma rotina padronizada e capacitar os profissionais para saber lidar em cada tipo de ocorrência,

– estabelecer as rotinas relacionadas às despesas necessárias pois alguns materiais precisam ser usados nestas situações (quem irá arcar com esta despesa?),

– criar um informativo por escrito para que o paciente tenha ciência das possíveis ocorrências e as medidas que serão tomadas.

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Referências
KAHARA, T. et al. Subcutaneous hematoma due to frequent insulin injections in a single site. Intern Med, 2004, 43: 148-9.
Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2015/2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
CHADWICK, A.; WITHNELL, N. How to administer intramuscular injections. Nursing Standard, 2015, 30(8): 36-39.
COOK, I. F. Best vaccination practice and medically attended injection site events following deltoid intramuscular injection. Human Vaccines & Immunotherapeutics, 2015, 11(5): 1184- 1191.
MILECH, A. et al. Práticas seguras para o preparo e aplicação de insulina. In: ______. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: A. C. Farmacêutica, 2016, p. 256-266.