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Como se manter atualizado sobre as recomendações de vacinação

Você sabe identificar quais vacinas seus pacientes precisam? Conhece os calendários de vacinação e as diferenças entre eles, bem como a atualização desses calendários?

Se você já atua no serviço de vacinação, é bastante provável que tenha respondido SIM para as questões anteriores. Isso é ótimo! Mas, se ainda não atua na área, ou tem pouca experiência, é possível que você tenha alguma dificuldade sobre estes temas. Talvez a sua resposta não seja tão enfática como “Sim, eu sei identificar todas as vacinas necessárias para qualquer paciente”.

Fique tranquilo. Com estudo e dedicação, você se prepara e adquire confiança!

Eu preparei este artigo para dar noções gerais e dicas para você se manter atualizado. Mesmo que não atue em sala de vacinação, saiba que você pode (deve, na verdade) orientar seus pacientes sobre suas demandas vacinais.

Porque é tão importante se atualizar sobre a vacinação:

  • O número de vacinas disponibilizadas atualmente é bastante grande. É uma lista que cresce regularmente oferecendo uma maior cobertura de proteção contra doenças infectocontagiosas e outros benefícios como redução nos eventos adversos, no número de aplicações, dentre outros.
  • Mudanças nas recomendações são frequentes. Uma vacina que antes demandava um esquema de X doses, passa a ter como recomendação a aplicação de um número menor (ou maior) de doses! A inclusão de um reforço que antes não era indicado é também algo que corriqueiramente acontece. O público que deve receber uma vacina também sofre mudanças. Ele pode ser expandido e outras situações ele é restringido.

As razões para tantas mudanças são variadas, mas em geral, estão relacionadas a dados epidemiológicos, a resultados de estudos sobre o desempenho das vacinas e de farmacovigilância.

Tudo isso leva a maior proteção e segurança para o vacinado, porém, o profissional de saúde é peça fundamental. Ele é o responsável por identificar quais vacinas o paciente precisa e qual o esquema a seguir. Mesmo que, você, farmacêutico ou enfermeiro, tenha em mãos uma receita médica de vacina para atender, é seu papel avaliá-la antes de vacinar.

Anamnese

Para identificar as necessidades vacinais de um cliente, é necessário considerar sua idade, se está gestante (ou planeja engravidar), qual a sua atividade ocupacional e se tem planos para viajar.

Outro aspecto a se levar em conta é a presença de alguma doença crônica, condição de saúde ou tratamento que gere alguma demanda vacinal específica.

Ao obter estas informações, o passo seguinte é identificar nos calendários de vacinação quais são as vacinas indicadas.

Obter o histórico vacinal do cliente é fundamental, o que é possível a partir da apresentação do cartão de vacinação e de registros em sistemas informatizados.

Compreendendo os calendários de vacinação

Um calendário de vacinação contém uma lista de vacinas recomendadas para grupos de pacientes e os critérios para vacinação. Estes grupos são geralmente baseados nas faixas etárias. A razão para isso é que em cada fase da vida temos necessidades vacinais diferentes.

Como também há situações específicas que levam a demandas de vacinação, há outros calendários como, por exemplo, o de gestante e de atividade ocupacional.

Outra classificação que todo profissional deve conhecer é relativo ao sistema de saúde, público ou privado.

Para saber quais vacinas são oferecidas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), públicos  atendidos e condições, o profissional deve consultar os calendários do programa. Como se tratam de vacinas oferecidas gratuitamente pelo sistema público de saúde, todos os profissionais devem estar familiarizados com estes calendários.

É possível ter acesso a diversas informações relativas ao PNI, inclusive ao Calendário Nacional de Vacinação.

Pacientes que buscam se vacinar em um estabelecimento privado, devem ser informados sobre as vacinas que são disponíveis gratuitamente nas unidades básicas de saúde do SUS. Por este motivo, a legislação determina que o Calendário Nacional de Vacinação do SUS tem que estar visível ao usuário no estabelecimento de saúde, seja ele público ou privado.

Além disso, os profissionais que atuam nos estabelecimentos privados precisam conhecer este calendário. Da mesma forma, a equipe que faz a vacinação no SUS precisa conhecer as vacinas que o sistema privado oferece. Grande parte dos usuários recebe as vacinas ora nas unidades básicas de saúde, ora em estabelecimentos privados.

Os calendários da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) apresentam as recomendações de vacinação para cada grupo e considera as vacinas disponíveis nos sistemas público e privado.

Acesse o portal SBIm para encontrar estes calendários e acessar diversos outros conteúdos de qualidade e atualizados regularmente.

Interpretando o cartão de vacinação

Para identificar quais vacinas seu paciente precisa, é necessário também analisar o cartão de vacinação (ou caderneta) trazido por ele. Este cartão apresenta o seu histórico vacinal, ou seja, quais vacinas ele recebeu e em que momento foram aplicadas.

Para interpretar o cartão, o profissional precisa conhecer os nomes utilizados para cada vacina. Há uma lista bastante grande e que quase todas as vacinas têm sinônimos ou “apelidos”! O profissional deve ficar bastante atento para evitar erro e revacinação desnecessária.

O uso de algumas siglas pode também confundir! Segue abaixo alguns exemplos de vacinas e nomenclaturas encontradas para descrevê-las:

Vacina Tríplice Bacteriana Infantil = Vacina contra Difteria, Tétano e Pertussis = DTP
Vacina Tríplice Bacteriana Adulto = Vacina contra Difteria, Tétano e Pertussis = dTp
Vacina Oral contra Poliomielite = VOP = Sabin
Vacina Injetável contra Poliomielite = VIP = Salk
Vacina Tríplice Viral = Vacina contra Sarampo, Caxumba e Rubéola = SCR = MMR = VTV

Importante salientar que o registro deve ser feito inserindo os componentes das vacinas aplicadas. O uso de siglas e nomenclaturas não oficiais não é recomendado.

Para conhecer os diversos nomes das vacinas, indicações e outras informações técnicas, busque referências confiáveis. Os links que divulguei neste artigo serão de grande ajuda.

Profissionais que atuam em vacinação devem, obrigatoriamente, estar habilitados. Segundo a Anvisa, na Nota Técnica GRECS/GGTES 01 de 2018 a “habilitação é dada pelos conselhos ou por lei”.  Atualização regular é também recomendada pela Anvisa. No caso dos farmacêuticos, é recomendada pelo Conselho Federal de Farmácia, pela resolução 654 de 2019.

Atualização constante

Pensando na importância da atualização e nas dificuldades que os profissionais de saúde encontram, eu, Beatriz Lott e a Karina Chiuratto, preparamos diversos conteúdos disponíveis no Instagram. Acesse Vacinação Descomplicada para ficar atualizado e confiante nas decisões na sala de vacinas!