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Como proceder em casos de acidentes com material biológico

Você sabe como proceder em casos de exposição ocupacional a material biológico? Quem realiza procedimentos que envolvem riscos de acidentes com materiais perfurocortantes, deve sempre estar atento às medidas de prevenção.

Neste tipo de acidente, infelizmente ainda muito comum na área da saúde, há o risco de adquirir infecções pelos vírus da imunodeficiência humana (HIV), hepatite B (HBV), hepatite C (HCV), entre outros.

Para se prevenir, lembre-se sempre das precauções-padrão, abordadas no artigo 7 condutas infalíveis que evitam acidentes com perfurocortantes.

Em se tratando de cuidados com a saúde, a frase “é melhor prevenir do que remediar” faz muito sentido já que a melhor prevenção é não se acidentar!

De toda forma, o profissional de saúde precisa estar preparado e atento, mas ninguém está 100% livre do risco de acidentes. Por isso, trato neste artigo das condutas indicadas para exposição ocupacional a material biológico.

Intervenções devem ser iniciadas o mais breve possível

Intervenções para profilaxia pós-exposição (PEP) da infecção pelo HIV e HBV devem ser iniciadas logo após a ocorrência do acidente, para garantir maior eficácia.

Acidentes de trabalho que envolvam riscos biológicos, onde há, por exemplo, o risco de contato com sangue potencialmente contaminado devem ser tratados como urgência.

Infelizmente, o que verificamos hoje é um alto índice de subnotificação e de abandono do tratamento pelos profissionais que iniciaram profilaxia após notificação de acidente. Sabe-se também que muitas vezes, o profissional negligencia o risco e não toma nenhum cuidado.  E, para piorar, nem sempre se sabe o que deve ser feito quando o acidente acontece.

Este assunto também está abordado em um vídeo neste blog. Se você é daquelas pessoas que prefere aprender por meio de uma aula gravada, acesse o conteúdo em Acidentes com perfurocortante: como prevenir e quais medidas tomar.

Em cada município, há estabelecimento(s) de saúde que são referências para estes tipos de situação. Eles devem fornecer atendimento médico e medicamentos de forma gratuita, não importando se a origem do acidentado é de algum serviço público ou privado.

Gestores das farmácias e farmacêuticos, bem como todos os profissionais de saúde, devem ter conhecimento sobre qual é o estabelecimento de saúde referência para o atendimento de profissionais que sofreram acidentes com material biológico.

Geralmente, o Pronto Socorro da cidade ou um hospital faz este papel de “porta de entrada” por estarem abertos 24h. Os atendimentos subsequentes são realizados nos centros de referência especializados onde o acidentado deve receber acompanhamento clinico-laboratorial durante 6 meses.

Manter o endereço deste estabelecimento de forma visível é fundamental, pois agiliza o atendimento médico do profissional. Faça download do modelo de informativo para salas de injeção. 

exposição acidental a material biológico

Informação é fundamental

No estabelecimento de saúde referência para o atendimento em caso de acidente, o acidentado deve descrever a ocorrência com todos os detalhes, sem se esquecer de algumas informações importantes:

  • Circunstâncias da exposição: profundidade da lesão, tipo de agulha envolvida (calibre, com ou sem lúmen), presença ou ausência de sangue visível.
  • Hora do acidente.

O ideal é que a pessoa-fonte acompanhe o acidentado ao estabelecimento de saúde referência, para que seja realizada a testagem de HIV, HBV e HCV (status sorológico da pessoa-fonte).

Lembre-se, o mais importante é não atrasar o início da profilaxia pós-exposição (PEP).  O status sorológico do acidentado para HIV, HBV e HCV também será avaliado, além do seu estado vacinal para HBV.

Diversas informações sobre o acidente, sobre a pessoa-fonte e vacinação prévia, são fundamentais para esclarecer se há risco de infecção para o HIV, vírus hepatites B e C, bem como para a decisão do médico quanto à intervenção a implementar.

Para que uma eventual profilaxia possa ser instituída, a avaliação do acidentado deve ocorrer o mais precocemente possível após a exposição.

Profilaxia pós-exposição (PEP)

Situações de exposição ao vírus do HIV devem ser tratadas como urgências, pois “não há benefício da profilaxia com antirretroviral após 72 horas da exposição”.

A profilaxia para infecção pelo HBV depende da condição do profissional exposto (se está vacinado e tipo de resposta vacinal, por exemplo). As condutas podem ser a administração da vacina e/ou da gamaglobulina hiperimune.

Vacinação protege apenas contra a Hepatite B

É fundamental que todo profissional de saúde esteja imunizado contra a Hepatite B. Isso é possível através das três doses da vacina, além da realização do exame de anti-HBS para confirmar soroconversão. Importante salientar que esta vacinação está disponível nos postos de vacinação do SUS para todos os cidadãos brasileiros, independente de idade e profissão.

E o mais alarmante: quando trata-se de Hepatite C a única medida eficaz para eliminação do risco de infecção por este vírus é por meio da prevenção da ocorrência do acidente. Ainda não há vacina!!!

Não se esqueça: o mais importante é procurar pelo atendimento no estabelecimento referência o quanto antes. Até mesmo após as 72 horas referidas, o acidentado sempre deve receber o acompanhamento e tratamento adequados.

Neste artigo você aprendeu sobre condutas posteriores à uma exposição ocupacional a material biológico. Ele foi escrito com a colaboração da farmacêutica Ana Paula Alves André, professora e coordenadora regional de MG da Pós Graduação em Farmácia Clínica e Serviços Farmacêuticos da ABRAFARMA/IBRAS e professora da Faculdade Santa Rita, Conselheiro Lafaiete-MG.

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REFERÊNCIAS:

  1. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE. DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS. Exposição a materiais biológicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.  Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.
  2. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAUDE. DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DAS INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS, DO HIV/AIDS E DAS HEPATITES VIRAIS. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à Infecção pelo HIV, IST e hepatites virais.  Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2017.
  3. PLÁCIDO, G.; GUERREIRO, M. Administração de vacinas e medicamentos injetáveis por farmacêuticos: Uma abordagem prática.  Lisboa: Ordem dos Farmacêuticos, 2015.